quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Há poesia em um corpo que cai


Andava pisando em nuvens
etérea, solta em meu silêncio
dessa tarde de céu sem cor
e me deparei com um corpo
no caminho a se recompor
Num gesto súbito
de temor e assombro
olhei fixamente para ele
Um corpo cansado
inerte, paralisado
com olhos presos ao
infinito
fatigado em fé
e em promessas vivas
Era o meu eu-poeta
esquecido no caminho
olhos vidrados do sal das
lágrimas sem sentido
E esse eu?
o que viveu
e sobretudo
o que não viveu...
Apegou-se?
Fartou-se?
Cansou-se?
Moveu-se em direção contrária
à solidão de sua batalha
estranhamente confortada

benigna e calma
feita de silêncios e desapegos
Desmoronaram-se os medos
perderam-se os segredos
alinharam-se os dias
plena calmaria
Entre o espírito
e o corpo ali colocados
visão sublime
entre sonhos e realidade
de quem se julga acordado
E com um ar saudosista
do que eu era antes
sigo adiante
sob esse corpo de
um eu, que ficou distante
a ele deixo a solidão
de meus dias de escrita
e esse intenso adeus
é a voz lá de dentro
que grita :
Não pare...




Adriane Lima

3 comentários:

  1. Legal hein? Ponha uma caixa de seguidores...
    bjo
    Ana

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  2. É engraçado como esses "eu's" entram em conflito de vez em quando, né?
    Os meus vivem aos pontapés... rsrs!!
    Adorei, Dri!!
    Parabéns por suas sempre belas inspirações!
    Beijos e sucesso pra você!

    ResponderExcluir
  3. Não pare nunca!!! O poeta é um fingidor, como dizia fernando pessoa, finge a própria dor...hehehe...É...São nossas crises de poeta...Um abraço linda!

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