terça-feira, 11 de outubro de 2011
Simplificar
Até aquela tarde ela era
só uma menina
lambuzada de tinta
Criando casos
construindo pontes
olhando horizontes
entornando cores
revendo amores
E então...
Inventou o acaso
fez nascer o equilíbrio
entre o que via e o que sonhava
entre o que continha e o que soltava
entre o que lhe vinha e o que voltava
Entre o tom puro e o cinza escuro
entre o avesso e o endereço
entre o moço e o seu segredo
entre o olho que sente e o que a boca mente
E dentro dessa
alquimia
o abstrato não mais existia
e de concreto
fez-se o verso
liberado ao sete ventos
a tela dos sentimentos
feita em tons pastéis
Adriane Lima
Arte by Sergey Ignatenko
Omissão
Certas palavras digo
com rapidez e sutileza
algumas não ponho na mesa
tenho medo de servi-las
como quem enfeita um bom prato
algumas palavras de fato
merecem reconhecimento
até umas honrarias
em nome das patifarias
há palavras assim que saem
e nos deixam mais leves
buscam espaço na boca
e tudo depois é que ferve
há palavras que são veladas
quando saem são ofuscadas
por gestos desnecessários
onde não deveriam ter vazado
palavras eu escuto
e em muitas não faço nada
sinto-me amordaçada
pela forma como chegam
palavras que me colocam
em um grande xeque mate
talvez nelas faltem uma razão
para guarda-las em pensamento
minha vontade, é na verdade
joga-las pelo chão
dizendo um sonoro palavrão
já que esse é nascido da emoção
mas tem palavras
que não tem jeito
elas calam em meu peito
de menina tão educada
mas, meus olhos....
ah, esses falam mais que as palavras...
Adriane Lima
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