quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Por quem falar...



Não pense que é fácil

por palavras na mesa
destilar certezas
de falar algo natural

Algo que não soe mal

e sirva de açoite
para quem as vê
como fuga
e não como figas
das promessas que não fiz

Nem sempre escrevo

o que a consciência fala
e não é porque ela
me cala
que não posso falar
por mim

Hoje acordei ciente

de que muitas
sementes
são jogadas no ar

Depois brotam em

lugares
nem sempre prováveis
de um dia poder florir

Contruiram muros

em minhas verdades
e hoje em metades
eu teimo em falar

Mesmo que meus versos

sejam poucos
mesmo que a canção
não toque nunca mais

Meias certezas

são meias mentiras
tingidas de
meias verdades
para a imaginação
se acalmar

escuridão do papel

dia em branco
nó na garganta
deitaram meu céu

só me resta apagar o brilho

quem já saiu do estribilho
quem já perdeu a nota
já vendeu a cota
de sua condição

poeta vivo

mulher morta

Melhor ao sol

levar meu rosto
e sair desse poço
de decepção

me levo por palavras

minhas ou das missivas
de vis respostas
mas são minhas certezas
de eterna salvação



Adriane Lima 



Arte by  Joanna Zjawinska )

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